Em NY, Lula diz que encontro com Biden é 'momento histórico exemplar'

Um dia após o discurso de abertura na Assembleia-Geral da Organização das Nações Unidas (ONU), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se encontrou na tarde desta quarta-feira (20/09) com o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, com quem lançou uma iniciativa global para promoção do trabalho decente intitulado de "Coalizão Global pelo Trabalho".

Na reunião bilateral, Lula defendeu que o encontro é um 'momento histórico exemplar', disse esperar que relação Brasil-EUA seja aperfeiçoada e apontou que ambos os países devem se comportar como amigos.

"Espero que a relação Estados Unidos e Brasil seja aperfeiçoada e que a gente se trate e se comporte como amigos em busca de um objetivo comum: desenvolvimento e melhoria de vida do povo", apontou.

O petista também fez afagos a Biden, afirmando que o mesmo é o presidente americano que mais defende os interesses dos trabalhadores.

"Acompanhei o seu discurso de posse e outros também e eu nunca tinha visto um presidente americano falar tanto e tão bem dos trabalhadores como o senhor falou. Isso foi referendado para mim pelas centrais sindicais italianas, americanas e eles afirmaram que era o presidente que mais defendia os interesses dos trabalhadores. E essa é uma combinação perfeita porque eu venho do mundo do trabalho e eu acho que o trabalho está muito precarizado, o salário está muito aviltado. Cada vez mais os trabalhadores trabalham mais e ganham menos. E essa sua ideia de apresentar uma proposta que começa a ser discutida e poderá ir até o G20 é muito importante para o Brasil, para os EUA e para o mundo".

"É uma satisfação ter um encontro com o governo dos Estados Unidos para falar dessa parceria na defesa dos direitos trabalhistas. Um momento da geopolítica em que as oportunidades estão se fechando e os setores extremistas tentam interditar as portas do debate político. Essa é uma iniciativa de um plano de trabalho para que a gente possa oferecer aos nossos jovens uma proposta de trabalho digno. Em um momento de salários baixos e precarizados. É uma iniciativa muito importante para o mundo", pontuou.

Citando 'a volta da democracia no Brasil' em alusão ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula destacou ter recomposto alianças políticas e citou a agenda futura do Brasil que será anfitrião do Brics, do G20 e da COP 30.

"Há uma coisa muito importante que está acontecendo nesse instante político no mundo. Nós voltamos a democracia no Brasil, recompusemos todas as alianças políticas que tínhamos que construir, vamos presidir o Brics em 2025, vamos fazer o G20 em 2024, vamos fazer a COP 30 em 2025 e tudo isso a gente pode fazer compartilhado com o governo americano. Então é muito importante que a gente possa trabalhar junto".

"É muito importante que os Estados Unidos veja o que está acontecendo no Brasil nesse momento histórico de transição ecológica de mudança de matriz energética, o potencial que nosso país tem de investimento eólico, em biomassa, biodiesel, em etanol, hidrogênio verde. Ou seja, é uma perspectiva de trabalho conjunto excepcional entre Brasil e EUA", acrescentou.

E reiterou que o encontro com Biden é mais que uma bilateral e simboliza o renascer de um novo tempo na relação EUA e Brasil. "Uma relação de iguais, uma relação soberana, mas uma relação de interesses comuns em benefício do povo trabalhador do seu país e do meu".

Lula disse ainda que ao olhar a geopolítica mundial "a democracia cada vez mais corre mais perigo" por conta da negação da política que tem feito com que setores extremistas assumam posições de destaque, citando como exemplo o Brasil e Argentina.

"Acho que é um momento histórico exemplar. Quando olhamos a geopolítica do mundo, percebemos que as oportunidades estão cada vez se fechando e a democracia cada vez mais corre mais perigo porque a negação da política tem feito com que setores extremistas tentem ocupar o espaço, em função da negação da política no mundo inteiro. Isso já aconteceu no Brasil, está acontecendo na Argentina e tem acontecido em vários outros países", emendou.

O chefe do Executivo brasileiro ainda falou sobre desigualdade no mundo.

"Sempre estamos tentando convencer as pessoas que, quanto menos pobre existir na humanidade, melhor ainda será para os ricos. A pobreza e a desigualdade não interessam a ninguém", concluiu.

Ucrânia

Lula ainda terá seu primeiro encontro presencial com o presidente da Ucrânia, Volodymyr Zelensky. Em março, os líderes chegaram a conversar por telefone. Já em maio, ensaiaram um encontro durante a cúpula do G7 no Japão, mas após problemas de agendas, a conversa não ocorreu. Na época, o governo brasileiro alegou ter oferecido dois horários para o líder ucraniano, mas ele não compareceu.

Já a Ucrânia, alegou que a equipe de Lula demorou a responder sobre a disponibilidade para o encontro e quando respondeu, Zelensky já tinha outros compromissos. Após o desencontro, Zelensky teceu declarações polêmicas, como quando disse que Lula repetiu as falas do presidente russo, Vladimir Putin.

O encontro entre ambos ocorre também após Lula ter dito que Putin não seria preso se viesse ao Brasil para a reunião do G20, embora tenha uma ordem de prisão por crimes de guerra no Tribunal Penal Internacional (TPI), do qual o Brasil é signatário. Depois, o presidente recuou da declaração, mas afirmou não saber qual a serventia do TPI e que estudaria a razão pela qual o país assinou o tratado.

Por outro lado, Lula tem defendido a criação do que chama de "clube da paz", que negocie o fim da guerra no Leste europeu que já dura um ano e meio. O presidente brasileiro retorna ao Brasil na noite desta quarta-feira (21/09).

Confira as informações no Correio Braziliense

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