Durante discurso em Novo Hamburgo (RS) neste sábado (3), o presidente Jair Bolsonaro (PL) voltou a criticar a operação contra um grupo de empresários que teriam defendido um golpe de Estado caso o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) vença as eleições de outubro. Sem citar nomes, o presidente falou em “vagabundo atrás da árvore ouvindo a nossa conversa” e “mais vagabundo é quem dá canetada”.
As declarações foram dadas em um evento de campanha voltado ao público feminino e acontecem dias antes dos atos convocados pelo presidente para o 7 de Setembro, em comemoração ao Bicentenário da Independência do Brasil. A operação contra os empresários foi autorizada pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes, atual presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), e deflagrada pela Polícia Federal no dia 23 de agosto.
“Pessoas que querem fazer voltar ao governo, um bandido. Para
isso, começam a atacar algo que costumo dizer que é mais importante que nossa
própria vida, que é a nossa liberdade. Nós vimos há pouco aí empresários tendo
sua vida devassada, recebendo a visita da Polícia Federal, estavam privadamente
discutindo um assunto que não interessa qual seja. Eu posso pegar meia dúzia
aqui, bater um papo e falar o que bem entender. Não é porque tem um vagabundo
ouvindo atrás da árvore a nossa conversa que vai querer roubar nossa liberdade.
Agora, mais vagabundo do que esse que está ouvindo a conversa é quem dá a
canetada após ouvir o que ouviu esse vagabundo”, disse o presidente.
A assessoria de imprensa do STF informou que o ministro Alexandre de Moraes não vai comentar as falas do presidente.
Logo depois, Bolsonaro voltou a afirmar querer “eleições transparentes” e rechaçou as críticas pelos ataques à integridade do sistema eleitoral brasileiro: “defendemos a Constituição e nunca saímos das quatro linhas”, disparou.
Sobre a operação
Horas após a deflagração da operação pela PF, entidades e lideranças empresariais divulgaram notas a favor da liberdade de expressão e mostraram preocupação com a decisão de Moraes ao autorizar a ação contra o grupo de empresários.
Também por meio de nota, a Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul (Fiergs) manifestou “grave preocupação” com a medida e salientou que “antes de tudo são cidadãos e eleitores”. A federação avaliou a decisão como uma “atitude que não encontra abrigo no princípio da razoabilidade”. Juristas criminalistas ouvidos pela CNN na ocasião da operação também avaliaram que a decisão foi exagerada uma vez que não houve a execução de um crime.
A quebra de sigilo bancário e o bloqueio de contas de empresários bolsonaristas, autorizadas pelo ministro do STF, atendeu a um pedido do senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), coordenador da campanha do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ao Palácio do Planalto. A PF, responsável pela investigação, havia pedido uma ação de busca e apreensão e a quebra do sigilo telemático dos empresários.
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