Pesquisa AtlasIntel mostra Bolsonaro à frente de Lula no Rio de janeiro

(Reuters) - Pesquisa do instituto AtlasIntel mostrou neste sábado vantagem de 8,9 pontos percentuais do presidente e candidato à reeleição Jair Bolsonaro (PL) sobre o ex-presidente e líder nas pesquisas nacionais Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no Rio de Janeiro.

De acordo com a sondagem, encomendada pela consultoria política Arko Advice, no Estado que é seu reduto político, Bolsonaro tem 46,2% das intenções de voto, contra 37,3% de Lula.

Ciro Gomes (PDT) soma 8,5% entre os eleitores fluminenses, enquanto Simone Tebet (MDB) tem 3,3%, Vera Lúcia (PSTU) soma 1%, Felipe D'Ávila (Novo) fica com 0,9%, Pablo Marçal (Pros) --que deve ter a retirada da candidatura pelo partido oficializada em breve-- aparece com 0,4%, Léo Péricles (UP) tem 0,2% e Roberto Jefferson (PTB) e Sofia Manzano (PCB) somam 0,1% cada.

José Maria Eymael (DC) e Soraya Thronicke (União Brasil) não pontuaram. Indecisos, brancos e nulos somaram 1,9%.

Na pesquisa nacional, o AtlasIntel mostrou vantagem de 8,4 pontos percentuais para Lula sobre Bolsonaro, com o petista preferido por 46,7% contra 38,3% de Bolsonaro.

O instituto colheu pela internet respostas de 1.600 eleitores do Rio de Janeiro entre os dias 20 e 24 de agosto. A margem de erro é de 2 pontos percentuais.

Pesquisa Datafolha entre os dias 16 e 18 de agosto mostrou Lula na frente numericamente no Rio de Janeiro: 41% a 35%, com margem de erro de 3 pontos percentuais. Na pesquisa nacional, o Datafolha mostrou o petista com 47% e Bolsonaro com 32%, com margem de erro de 2 pontos.

GOVERNADOR

O AtlasIntel também perguntou aos fluminenses sobre a disputa pelo governo do Estado e o resultado foi um empate técnico entre os dois líderes, considerando a margem de erro.

O atual governador Claúdio Castro (PL), apoiado por Bolsonaro, aparece com 29,8%, enquanto o deputado federal Marcelo Freixo (PSB), que conta com endosso de Lula, soma 26,8%. Rodrigo Neves (PDT), candidato de Ciro Gomes no Estado, soma 9,1%. Outros candidatos aparecem com menos de 3%.

Brancos e nulos são 10,6% e indecisos somam 16%.

Em um eventual segundo turno, Castro teria 36,4% contra 31,4% de Freixo.

O debate entre candidatos e candidatas à Presidência da República neste domingo (28/8) será a primeira vez que o presidente Jair Bolsonaro (PL) e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se enfrentarão em um evento do tipo desde o início da corrida eleitoral deste ano.

Ex-secretário de Comunicação e integrante da campanha de Bolsonaro, Fabio Wajngarten afirmou à BBC News Brasil, na noite deste sábado (28/8), que o presidente participará do debate. Horas antes, Lula já havia confirmado participação por meio de seu perfil no Twitter.

As presenças de Lula e Bolsonaro foram confirmadas às vésperas da realização do debate em parte por conta das avaliações feitas pelos comandos das campanhas de ambos. Confirmada a ida da dupla, a expectativa fica em torno de como Lula e Bolsonaro enfrentarão alguns dos seus principais pontos fracos.

Lula lidera as intenções de voto segundo os principais institutos de pesquisa, com Bolsonaro em segundo lugar. E apesar da presença de outros quatro candidatos, tudo indica que as atenções estarão voltadas para o desempenho dos líderes.

O debate irá ao ar a partir das 21h e será realizado por um conjunto de veículos: Band, TV Cultura, UOL e Folha de S.Paulo. Pelas regras, haverá dois momentos de debate direto entre os candidatos intercalados por perguntas feitas por jornalistas.

Historicamente, os debates entre candidatos são vistos como momentos-chave das eleições. Segundo a pesquisa do Instituto Datafolha mais recente, Lula aparecia com 47% das intenções de voto contra 32% de Bolsonaro.

Especialistas ouvidos pela BBC News Brasil avaliaram que os principais pontos fracos de Bolsonaro serão a gestão da pandemia de covid-19 e a política econômica. Por outro lado, os principais pontos fracos a serem enfrentados por Lula seriam as acusações de corrupção reveladas pela operação Lava Jato.

Pandemia e economia: o que Bolsonaro terá que enfrentar

"O principal ponto fraco de Bolsonaro é a gestão da pandemia. Em especial, o negacionismo em relação às vacinas", avalia o ex-diretor de pesquisas do Datafolha Alessandro Janoni.

"As questões mais dramáticas como o colapso da falta oxigênio em Manaus e as trocas de ministros ao longo da pandemia deverão ser exploradas porque elas são alguns dos principais motores dessas eleições", disse Janoni.

O Brasil foi um dos países mais afetados pela pandemia da covid-19. De acordo com dados coletados pela Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, o Brasil já registrou mais de 682 mil mortes pela doença, o segundo maior número do mundo, atrás apenas dos Estados Unidos.

Além disso, o Brasil também tem a segunda maior taxa de mortes proporcionalmente à população: 321 mortes por grupo de 100 mil habitantes.

A gestão do governo federal em relação à doença foi alvo de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado que pediu o indiciamento do presidente por crimes nove crimes — entre eles, prevaricação e charlatanismo.

Ao longo da pandemia, Bolsonaro incentivou o uso de medicamentos sem comprovação científica contra a doença, foi contra algumas das medidas de isolamento social implementadas por estados e municípios e levantou dúvidas sobre a eficácia das vacinas que estavam sendo desenvolvidas contra a covid-19.

O tema, aliás, foi um dos principais tópicos da entrevista concedida por Bolsonaro ao Jornal Nacional, da Rede Globo. Na ocasião, Bolsonaro defendeu sua gestão a frente da pandemia.

"Fizemos a nossa parte. E o grande erro disso tudo foi um trabalho forte da grande mídia, entre eles a Globo, desestimulando os médicos a fazerem o tratamento precoce [...] Fizemos a nossa parte e tratei com muita seriedade essa questão. Agora, não adotei o politicamente correto", disse o presidente.

A professora de Ciência Política da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) Nara Pavão avalia que Bolsonaro também terá que enfrentar críticas à gestão da área econômica.

"Na parte econômica, Bolsonaro não entregou bons resultados. É verdade que ele governou em um período afetado pela pandemia e pela guerra na Ucrânia, mas ele será questionado pela inflação, pelo desemprego e pelo baixo crescimento do produto interno bruto", afirmou a professora.

Nos dois primeiros anos do governo Bolsonaro, a inflação registrada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) oscilou entre na casa dos 4%. Em 2021, porém, a inflação foi de 10,06%, muito acima do teto estabelecido pelo Conselho Monetário Nacional (CMN) que era de 5,25%. Foi a maior taxa de inflação em seis anos.

Neste ano, a taxa acumulada da inflação é de 7,3% até julho. Nas últimas semanas, o Brasil registrou deflação em parte pela redução no preço dos combustíveis resultante da redução de tributos sobre o produto organizada pelo governo federal.

Em relação ao desemprego, ainda segundo o IBGE, o Brasil registrou 14,9% de taxa de desemprego no trimestre entre julho, agosto e setembro de 2021, a maior taxa da série histórica, iniciada em 2012. Desde então, a taxa caiu e hoje está em 9,3%.

Questionado sobre o assunto durante a entrevista ao Jornal Nacional, Bolsonaro deu a tônica de como sua campanha deverá lidar com as críticas sobre sua condução da economia.

"As promessas foram frustradas pela pandemia, por uma seca enorme que tivemos no ano passado e também pelo conflito da Ucrânia com a Rússia [...] Você vê também que a taxa de desemprego tem caído no Brasil. Os números da economia são fantásticos levando-se em conta o resto do mundo", disse.

Lula e a corrupção

Na avaliação dos especialistas, o principal ponto a ser enfrentado por Lula no debate serão as acusações de corrupção que foram feitas contra ele e integrantes do PT pela operação Lava Jato.

"No caso de Lula, o seu principal calcanhar de Aquiles será a corrupção. Não há dúvidas disso", disse a atual diretora de pesquisas do Instituto Datafolha Luciana Chong.

A Operação Lava Jato revelou um esquema de corrupção envolvendo empreiteiras, políticos e empresas estatais. Em junho de 2021, a Petrobras havia recebido de volta R$ 6 bilhões em recursos que haviam sido desviados da empresa.

Lula chegou a ser apontado como o principal responsável por uma organização criminosa montada para desviar recursos de empresas públicas. Ele foi condenado em dois processos por crimes como corrupção passiva e lavagem de dinheiro.

O ex-presidente foi preso em 2018 e ficou 580 dias detido na carceragem da Polícia Federal em Curitiba.

Ao longo de todo o processo, Lula alegou ser inocente. Em 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) anulou as condenações contra Lula sob o argumento de que a 13ª Vara Federal de Curitiba não era a correta para julgá-lo.

Depois disso, o ex-juiz federal Sergio Moro, que condenou Lula em um dos processos, foi considerado suspeito (não imparcial) para conduzir o julgamento de Lula. Com a anulação das condenações, o ex-presidente recuperou o direito de se candidatar a cargos eletivos novamente.

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